sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Minha primeira prova de Audax com uma Zöhrer

Prova de Audax - Relato Brevet 200 - Leonor Cândida F. de Oliveira
Texto tirado do site do Audax Rio

Quando criança eu tive uma bicicleta. No primeiro tombo (que nem foi tão sério assim), fiquei de mal com ela e - resumo da ópera - fui voltar a andar de bike só em 2006. Andar de bike a gente não esquece... mas não é que eu esqueci? Achei horrível e deixei para lá. Afinal, era uma bike "normal". Uns tempos depois encontrei uma bike que não era normal (uma reclinada) e, voilá, perfeita! Aprendi a andar em 5 minutos e foi a coisa mais legal que eu encontrei. Legal; bicicleta de maluco para uma maluquinha. Só que, por motivo de trabalho, a danada ficou lá abandonada pegando poeira. E só fui retomar esse prazer no meio do ano passado (2010). E só de andar 10 quilômetros eu já queria morrer.

Audax? O que é isso? Já tinha ouvido falar do Audax e em novembro de 2010 até vi alguns participantes passando pelo Recreio, mas fui saber o que é um Audax de verdade ao acompanhar um (dirigindo um carro de apoio) em Tremembé (SP). Só de acompanhar de carro fiquei cansada e estava achando aquilo coisa de doido. Uma semana depois bateu a vontade de experimentar também, só que dessa vez de bicicleta. Comentários gerais: Ficou maluca? Você não vai conseguir. Taí uma coisa que eu não gosto de ouvir... Aliás, eu ouvi isso do médico que me deu o atestado de saúde: "Você não pode fazer esse tal de Audax." "Caraca, tô doente? Quanto tempo de vida eu tenho, doutor?" "Você não está doente; apenas não vai conseguir." Mas o Roberto, que estava bem ao meu lado, ouviu do mesmo médico que ele era um atleta e que aquilo seria moleza. Foi aí que eu descobri que estava na idade da pedra e que cardiogramas não querem dizer nada. O que importa é a fita métrica e ter "bolinhas", e nem precisam ser duas, que o diga o monoball (Lance). Moral da história, não poderia entrar para o clube do "bolinha" e ainda ouvi um ótimo conselho do tal médico: "Ao andar de bicicleta, minha filha, ande na contramão! É o correto!" Depois eu é que sou maluca...

A largada: Até que eu estava calma, mas aí saiu todo mundo correndo e eu fiquei sem entender nada. Ué, é prova de velocidade? Tô ferrada! Literalmente fiquei "largada" lá atrás... Tudo bem não sair na frente, mas eu era a última!

Começando para valer: Que barato os primeiros quilômetros, com escolta e o escambau, clima ameno, tava até fresquinho, mas depois o bicho começou a pegar. Que calor, que sol senegalês, que ventinho chato... E tinham subidas. Ué, não era plano? Cadê o tal do retão? Alguém me disse que era um retão; disse sim.

Cheguei no primeiro PC, dei meu passaporte, peguei água e não dava para descansar por causa do tempo e lá fui eu toda serelepe.

Quando cheguei no segundo PC, em Macaé, fiquei feliz por três motivos: ter chegado e pela torcida das meninas que estavam de voluntárias lá no PC (nossa, eu me senti uma celebridade) e porque tinha banheiro. Nem vou contar a minha primeira experiência em um banheiro químico (a primeira vez a gente nunca esquece) porque vão dizer que eu tenho bronca de ser baixinha, mas gente, eu tenho de falar. Não é que eu não dou altura no danado do bicho? Bom, essa parte a gente pula, e pula também a parte de que eu fiquei presa lá dentro, com a porta emperrada bem uns três minutos. Ih, acabei contando a história toda. Bem, voltemos ao Audax.

Rumo a Quissamã... Virei filósofa: Porque diabos eu estou fazendo isso? Será que eu estou em crise pessoal? Superação? Limites? Pedala, sua anta, e pára de pensar besteira que em Quissamã tem macarronada, água e sombra. Que cansaço! Pedala, pedala, pedala... será que Quissamã existe mesmo? Oba! Cheguei em Quissamã! É só lembrar que já fiz mais da metade do caminho; já sou uma vencedora, né? E não é que eu estava, pela primeira vez, saindo antes de algumas pessoas? Mas eu tinha de fazer das minhas e me perder e ficar dando voltas que nem um hamster... E o relógio correndo, tic tac, finalmente achei o caminho e pé na estrada, vento a favor, lá fui eu. Só que eu acho que o vento tem alguma coisa contra mim; ele estava contra na ida, mas na volta parecia que às vezes estava contra também. Devia ser o cansaço.

Bom, cheguei no PC de Macaé e novamente uma ótima recepção: "Sabíamos que você ia conseguir". Bom, se até elas sabiam que eu conseguiria, quem sou eu para desistir agora? Tinha um grupo nesse PC dizendo que era bom sair todo mundo junto porque as instruções estavam meio confusas e eu pensei, "oba, vou atrás deles", mas eles fugiram de mim e eu fiquei lá sozinha tentando atravessar a pista e perdendo o maior tempo. E lá fui eu, só que de novo eu me perdi. Ô mulher confusa... E aí começou a me dar medo. Era um tal de "me dá essa bike aí, colega", "me empresta para eu dar uma volta"... Confesso que fiquei bolada; já estava quase apelando para tudo quanto é santo, e olha que eu não sou católica e muito menos religiosa. De repente, do nada, surgiu um cara em um carro branco que me falou, "segue o trânsito até a linha do trem que não tem como errar". E lá fui eu. A partir dali reconheci o caminho de volta e fui pedalando. Cadê o tal posto policial? Será que eu estou perdida de novo? Quase que eu passei direto, mas dessa vez acertei e entrei para Cantagalo.

No caminho encontrei um povo que estava trocando pneu e ali encontrei um reclineiro que eu havia conhecido no briefing, o Ricardo, e a partir dali foi só alegria rumo ao último PC. Eu falando pelos cotovelos e o pobre do Ricardo ouvindo, rumo a Rio das Ostras. Nessas alturas já estava escurecendo, foi ficando tudo escuro, mas o grande Ricardo tinha um farol superpoderoso e, quando vi, já tinhamos chegado na tal Roberto Silveira e, por fim, Tocolândia (onde eu não tomei um "toco"). Ganhei até uma medalha. Pôxa, foi uma experiência muito legal, de superação mesmo. Estão todos de parabéns, inclusive eu, né? E aí? Tô esperando alguém dizer que eu não consigo fazer o de 300. Alguém se habilita?

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